segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Clarice Lispector

Se ela estivesse viva faria no próximo dia 10 de dezembro 88 anos. Há cerca de 2 ou 3meses houve no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) uma exposição muito interessante sobre a Carice Lispector. Nas paredes brancas frases com letras vazadas brilhavam devido à luz intensa que escorriam pelos vazios deixados pelas letras. Em cada parede frases e mais frases de Clarice. Muitas delas conhecidas, outras nem tanto. O que chama atenção, pelo menos das crianças que lá estiveram, foi uma enorme barata. E antes de chegar a esse bicho horrível e nojento, algumas frases minimizavam o horror que estava próximo. Apenas poesia. Os salões sustentavam fotos enormes da escritora em fases diferentes da vida. Algumas frases continham letras bem pequenas e somente poderiam ser lidas de perto por aqueles que realmente amam Clarice. Elas aguçavam a curiosidade dos amantes de Clarice. Em outro salão um telão projetava uma entrevista com a escritora. Dois fatos não poderiam passar despercebidos: o cigarro sempre aceso em sua mão e a frase da qual não se esquece, proferida durante a entrevista "não me considero uma profissional". A parte final da exposição era enormemente interessante. Paredes repletas de gavetas contendo documentos pessoais, bilhetes, rascunhos, cartas aos amigos, esboços de contos, poesias, livros, enfim, tudo que nos faz vasculhar para conhecer de fato quem foi essa mulher maravilhosa entitulada Clarice Lispector. As palavras a seguir, denotam Clarice por Clarice:
“Outra coisa que não parece ser entendida pelos outros é quando me chamam de intelectual e eu digo que não sou. De novo, não se trata de modéstia e sim de uma realidade que nem de longe me fere. Ser intelectual é usar sobretudo a inteligência, o que eu não faço: uso é a intuição, o instinto. Ser intelectual é também ter cultura, e eu sou tão má leitora que agora já sem pudor, digo que não tenho mesmo cultura. Nem sequer li as obras importantes da humanidade.
[...] Literata também não sou porque não tornei o fato de escrever livros ‘uma profissão’, nem uma ‘carreira’. Escrevi-os só quando espontaneamente me vieram, e só quando eu realmente quis. Sou uma amadora?
O que sou então? Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal.”

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